Acerca do MNAC

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Lisboa, Portugal
Situado no centro histórico de Lisboa, o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, fundado em 1911, foi inteiramente reconstruído em 1994, sob projecto do arquitecto francês Jean-Michel Willmotte. A colecção de arte portuguesa, de 1850 à actualidade, constitui a mais importante colecção nacional de arte contemporânea. O programa de exposições temporárias, de particular relevância, ocupando totalmente o espaço de exposição, é alternado entre a colecção do museu e exposições internacionais. Incidindo sobre artistas e movimentos representados na colecção, propondo revisões e novas pistas de investigação sobre as matérias tratadas, o MNAC apresenta exposições internacionais relevantes que se cruzam com a própria colecção do museu, dando a conhecer obras e artistas contemporâneos internacionais.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

SARAU no MNAC - Museu do Chiado já em Outubro


Trio inédito do músico japonês Aki Onda, com dois fundamentais criativos do jazz nacional que trabalham juntos há anos, Sei Miguel e César Burago. Trio desenhado na formação de trompete ‘pocket’, percussão e o maravilhoso mundo das cassetes de memórias de Onda, este é um trabalho que o trio visava desenvolver em conjunto há já algum tempo, e que aqui entra em cena dentro do contexto da peça ‘Blues Quartet’, do artista visual português João Paulo Feliciano, no contexto da sua exposição patente no Museu do Chiado do mesmo nome. Captando e processando os sons que cada música individualmente faz, o Blues Quartet interpreta-os e produz o seu próprio espectáculo cénico de luz e performance.

No âmbito da exposição ‘Blues Quartet’ de João Paulo Feliciano

Concerto: Aki Onda/César Burago/Sei Miguel + The Blues Quartet
Local: MNAC - Museu do Chiado
Data:
3 de Outubro
Horário: 22h
Entrada: 5€




Das cinzas dos Double Leopards e do tempo livre deixado pelos Mouthus nasce esta banda de alguns dos mais influentes criativos da Brooklyn dos últimos anos. Apresentando ‘The Door’, álbum acabado de sair pela Ecstatic Peace (e produzido por Thurston Moore), os Religious Knives produzem um rock profundamente narcótico, que recontextualiza e avança a forma da canção rock, pegando na psicadélia mais seca dos 60s, no prog menos barroco dos 70s, e no rito punitivo dos Sonic Youth e Swans dos primeiros anos. A arrancar a noite, os Gala Drop tocam faixas do seu clássico dub/kosmische/kraut/pós-balear registo de estreia homónimo que está prestes a sair, bem como várias trabalhos novos, na que é a última data da digressão europeia que une estas duas bandas. Antes, há concertos deste mesmo cartaz em Bragança, a 3 de Outubro no Central Pub, e um dia a seguir nos Maus Hábitos, no Porto.


Concerto: Religious Knives e Gala Drop
Local: MNAC - Museu do Chiado
Data:
5 de Outubro
Horário: 22h

Entrada: 7€

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GALA DROP
A originalidade, torna-se menos fácil discernir hoje em dia, é uma qualidade rara. A singularidade em relação ao que está para trás e ao que vai acontecendo a que alguns conseguem chegar, num determinado ponto do tempo, numa determinada circunstância, é algo que resulta, nos seus pontos mais altos, de trabalho sério, ritualizado, aberto, dedicado. É o produto maturado da espontaneidade, a autoridade tangível na estranheza, fruto do tempo e de um contínuo espírito progressivo.
Na música, parecem haver elos comuns em vários dos mais inovadores discos realizados. A criação de um objecto sonoro que reúne uma panóplia de influências – neste caso vastas, vastas -, a necessidade de se afirmar algo premente e previamente inaudito, a vontade de fazer música que os próprios artistas querem ouvir mas que ainda não existe (porque tanta da melhor música é feita por aqueles que mais a amam).
Os Gala Drop, de Nelson Gomes, Tiago Miranda e Afonso Simões, são três músicos, figuras e activistas de uma Lisboa que ainda está para ser seriamente entendida e analisada por quem anota a história. Uma Lisboa e um Portugal da primeira década deste milénio que soube (sabe, continuará a saber) mover, revolucionar e mobilizar-se para os trilhos do desconhecido, e aí rasgar novas avenidas de criação musical.
O seu disco de estreia será (já é) um clássico desta Lisboa difícil de entender à primeira (como sempre nos momentos de avanço). Obra perfeitamente acabada, pensada, maturada, ensaiada e laborada, reúne campos estéticos, rituais e práticas previamente longínquos entre si. Orquestras de sintetizadores, do kraut e kosmische germânicos ao inferno de teclados dos franceses Heldon, do tribalismo percussivo da música psicadélica e de algum free a um conhecimento profundo de décadas de música de dança, das técnicas de processamento do dub jamaicano a uma sensibilidade extraordinária a recursos sonoros e mistura adicional (aqui a cargo de Rafael Toral, também com créditos de masterização).
O léxico da banda, sendo um agrupamento orgânico de todas estas linguagens, é algo exclusivo dos Gala Drop. As métricas de groove e backbeat do trabalho de bateria de Afonso Simões e das percussões de Tiago Miranda, o entendimento ululante das frases dos sintetizadores e teclados deste e de Nelson Gomes, a sensibilidade na escolha de samples trabalhados e recontextualizados que perfazem as bases de algumas das peças aqui apresentadas, a noção narrativa na sequenciação e estrutura das faixas, ordem franca que conseguem concretizar em terreno estético virgem.
Este disco homónimo é então esse registo raríssimo, em que novas trajectórias, possibilidades de irmandade estilística e reunião de géneros se aglutinam num disco da mais pura liberdade, arrojo e dedicação. É um clássico desta Lisboa, mas acima de tudo (e é isso esta década da música independente nacional, quando no seu melhor) um clássico desta década da música urbana contemporânea. É matéria de revelação a que os Gala Drop criam, é parte vital dessa iluminação este disco, é fundamental entendê-lo no seu momento, é fundamental entendê-lo agora. Esta aparição da banda no Museu do Chiado marca a última actuação da banda antes do lançamento deste pedaço de história.

myspace http:// www.myspace.com/galadrop
video http:// youtube.com/watch?v=f8lPeA97PqY ao vivo na AVENIDA


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RELIGIOUS KNIVES
Na história, andamos sempre às voltas (tal como na revisão da história, à qual esta frase não à excepção) nos processos de construção, reconstrução e renovação da produção artística. Por vezes, fases do trabalho de determinados criadores e projectos tornam-se obsoletos quando uma mensagem é finalizada, quando um súmulo de raciocínios e ímpetos são cristalizados em formas finais (ou perto disso); os que procuram o novo vivem uma vida de constante insatisfação, que possibilita uma constante satisfação quando se lhe junta a necessidade e a realidade da acção - são, na maior parte dos casos, esses os trilhos mais interessantes de serem seguidos para quem busca o novo.
Um pouco como os Magik Markers - no que ao percurso concerne -, os Religious Knives, tanto pelo início de carreira como pela banda prévia dos seus dois escritores de canções (os Double Leopards de Mike Bernstein e Maya Miller), abandonaram explorações pararrítmicas e freeform, onde as palavras nunca se chegavam a formar e um Om psicadélico, urbanamente ritualista guiava o seu rumo.
Desde o seu penúltimo registo, 'It's After Dark' até o mais recente 'The Door' (editado pela Ecstatic Peace), que a sua mensagem é vocabular, é algo que encontrou a sua forma no universo da canção - com muitos twists. Por saberem demais de música para apenas refazerem o que está para trás (e como o seu trabalho prévio o prova), os novaiorquinos Religious Knives, quarteto de guitarra, teclas, baixo e bateria (a cargo de Nate Nelson, dos fantásticos Mouthus), pegam em várias linhagens de canção maldita para edificar a sua gramática cancionetista. Uma assemblage narcótica do psicadelismo dos anos 70, do prog menos barroco e mais rockante, da música de sintetizadores das décadas de 70 e de 80, a ambientes punitivos descendentes dos Sonic Youth e Swans em início de carreira.
Resiste a esta coligação um ritmo diferente, uma cadência própria, harmonias invulgares - sensações diferentes (o que mais importa, a raiz de tudo o que almeja longe e original). Em estreia nacional, e a fechar uma digressão europeia de três semanas com os lisboetas Gala Drop, os Religious Knives vêm demonstrar porque é que o trono de Brooklyn mora em sua casa.

site oficial http://www.religiousknives.com
myspace http:// www.myspace.com/religi0usknives
editora http:// www.heavytapes.com
video http:// www.youtube.com/watch?v=Cpmtbd1nMSw "Downstairs" ao vivo
video http:// www.youtube.com/watch?v=cxFLo3SHVlE "The Sun" ao vivo


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